Conheci em tempos uma menina cuja infância não foi das melhores, durante esse período viveu cheia de sonhos e de esperanças porque no fundo tudo aquilo um dia iria acabar, e quando acabou iniciou então a sua viagem pela vida livre para sonhar e desejosa de viver, trazia com ela uma mala forte cheia de objectos e de sonhos...passaram alguns anos até que a menina agora quase mulher entrasse na sua primeira viagem de comboio...quando entrou foi feliz durante um certo tempo, porém a viagem parecia ter acabado para ela e saiu na estação seguinte, a mala que tinha enchido com mais sonhos e projectos e também alguns desgostos ficou no comboio e a menina saiu com as mãos livres...mas logo arranjou uma outra mala onde foi colocando novamente muitos sonhos e projectos, nessa fase da sua vida a menina que já era mulher viveu alguns dos seus sonhos...correu, dançou...escorregou...caiu e levantou-se...e nessa altura percebeu que tinha perdido vários comboios que poderiam ter sido o seu caminho, no entanto obstinada como era resolveu embarcar novamente desta feita com uma mala muito pesada...demasiado pesada de lembranças e objectos que há muito deveria ter deixado para trás...mas continuava a embalar no seu colo o passado doloroso, no momento do embarque parecia que tinha apanhado o comboio certo...mas será que era de facto o comboio certo...será que em cada embarque que fazia esta menina mulher não procurava algo que apenas poderia encontrar dentro de si...de repente sem que nada o fizesse prever o comboio parou e a menina saiu uma vez mais, sozinha, mas desta vez o sol não brilhava e a sua mala transformara-se de repente numa pequena mala de cartão, foi então que começou a fazer frio...um frio que vinha de dentro dela e que nada poderia fazer parar...ao abrir a mala sentada naquele banco de uma qualquer estação perdida no tempo percebeu que só continha mágoa, dor, desespero, no comboio que entretanto partira, partiram também os seus sonhos, foi então que a menina percebeu que já nem sabia que sonhos eram...nem o que fazia ali...ninguém a esperava...ficou então presa naquela estação a chorar como o tempo que fazia...com a sua mala de cartão que se ia desfazendo á medida que a chuva se tornava mais forte, a menina percebeu que enquanto entrava e saia dos comboios que apanhara se esquecera de quem era e do que a movia...desaprendera a rir e a sonhar e também a a ouvir a pequena voz que no peito lhe gritava luta e aprende, desaprendeu também a dar valor ás pequenas coisas e de repente tudo ficou escuro e sem brilho e ali permaneceu á espera de um novo comboio que tardava em chegar na esperança de que este lhe trouxesse respostas para o que sentia, o que ela não entendia era que as respostas que procurava estavam dentro dela....e que tinha que esvaziar tudo como quem esvazia uma mala cheia de objectos inúteis para encontrar a essência...essa busca poderá demorar dias, meses ou anos mas só nessa altura quando encontrar a sua essência é que um novo comboio vai voltar a parar naquela estação. E a menina mulher ali continua presa como que numa bolha de ilusão á espera...
A etapa seguinte será: à procura da essência perdida..o verdadeiro tesouro...
ResponderEliminarUm dia um grande mestre, muito sábio disse: "Não te canses de procurar o teu maior tesouro. Onde se encontra esse tesouro estará lá também o teu coração".
Lucas12
Fantástico Catarina...
ResponderEliminarQuanto a essa menina, ela já percebeu onde tem de ir buscar as respostas, agora só tem que estar disposta a aceitá-las...e quando as aceitar, o comboio tão esperado vai aparecer...nós sabemos que vai :)
Porque a CP pode estar atrasada e em greve, mas ainda não parou ;)